Triste, louca ou má…historicamente temos sido qualificadas. Às vezes até por uma característica que nem é a mais marcante que temos.

Se queremos dançar até o chão, não podemos ter conteúdo. Se somos assertivas, somos chamadas de agressivas. Se gostamos de comprar roupas, maquiagem ou seja lá o que for (com o nosso dinheiro) só podemos ser fúteis. Se expressamos nossa sexualidade, somos subversivas. Se não estamos interessadas, somos frígidas. Se nos emocionamos durante uma discussão, falam que somos “sensíveis demais”. E por aí vai…

É verdade que uma mulher livre incomoda muita gente.

Mas seguimos, a despeito de todos os rótulos, vivendo a vida que queremos. Acreditando nos nossos valores.

Historicamente e no dia a dia não foram poucas as vezes que tentaram nos silenciar. Quando estamos falando e somos interrompidas, quando tentam manipular a narrativa sobre algo que aconteceu e nos convencer de que a nossa percepção é que não foi precisa (o famoso gaslighting), entre tantas outras formas de abuso psicológico.

Aliás, você sabe a origem do termo gaslight? Ele surgiu a partir do filme “Gas Light” (À Meia Luz), de 1944, onde um marido tenta convencer a mulher de que ela é louca, manipulando elementos do ambiente e insistindo que ela está errada ou que se lembra de coisas de maneira incorreta, fazendo com que a mulher duvide da própria sanidade. Um dos elementos do filme são as lâmpadas alimentadas a gás, que piscam, algo notado pela mulher e que o marido tenta dissuadir que aconteceu.

Tentam jogar para nós a culpa de um assédio sofrido. Como se tivéssemos provocado.

E quem nunca ouviu um “ela deve estar de TPM” quando na verdade só estávamos expressando nosso descontentamento com algo, sem hormônios envolvidos?

De todas as graves consequências que essas inúmeras tentativas de nos calar geram, uma das piores talvez seja a de nos sentirmos impotentes. Incapazes de provar o nosso ponto, de impor a nossa verdade, de questionarmos se somos qualificadas para nos expressar.

 

Até na revolução francesa quando se discutia os pilares da liberdade que deveriam ser universais para todos, a mulher que questionou sobre os direitos femininos acabou sendo assassinada por isso.

Não podemos abrir mão do nosso lugar de fala, da nossa voz, dos espaços que há tanto tempo estamos lutando para conquistar.

Tentam nos fazer acreditar que algumas características que temos são ruins, nos colocar como pertencentes ao “sexo frágil”, sensíveis demais, como se sensibilidade fosse uma fraqueza.

Se o mundo tivesse essas características consideradas “femininas”, como empatia e sensibilidade, pode ter certeza que tudo seria muito melhor.

Não precisamos entrar em conflito com quem somos. Toda mulher deve ser livre para viver plenamente sua existência, da forma que acredita ser a melhor.

Então você pode ser sensível, assertiva, tímida, extrovertida, tranquila, agitada, ser uma combinação de fatores ou simplesmente ser você em toda a sua complexidade.

 

O que você não pode é ter medo de se expressar. Fomos silenciadas por muito tempo pela sociedade, em nossos trabalhos, nos lugares que eram considerados inadequados para nós. Isso não vamos aceitar. Pertencemos a todos os lugares e podemos nos manifestar sobre tudo o que quisermos. Somos mulheres livres!

Um beijo e uma ótima semana!