Oi Freefree, tudo bem por aí?
A Nasa divulgou as primeiras imagens do telescópio James Webb, considerado o maior já construído.
Olhar esses pontinhos de luz, sabendo que eles representam uma infinidade de galáxias, em uma faixa que pode ser percebida por nossos instrumentos, me faz pensar o quão pequenas somos.
Não digo isso em um sentido negativo, de diminuir a nossa existência ou sentimentos. Eles existem e são válidos. Toda vez que estou sofrendo por um “drama menor” costumo pensar “qual vai ser a importância disso daqui 100 anos?” e geralmente boa parte da minha angústia diminui. Você pode tentar isso também!
O ponto é que, na escala do universo, mesmo sendo tão pequenas temos uma caminhada tão longa e tão bonita.
Somos responsáveis por tantas revoluções e avanços. Nós criamos música. Criamos arte. Curamos e salvamos vidas. E se isso por si só já não é uma baita justificativa para a beleza da nossa “pequena” existência terrestre, mesmo com todos os seus percalços, eu não sei dizer o que seria.
Na escola eu sempre fui apaixonada por ciências. Adorava as aulas práticas em laboratório, tive meu kit caseiro que era um brinquedo quase obrigatório das crianças dos anos 90, e embora houvesse a recomendação de mexer nele com a supervisão de um adulto, eu fazia todo tipo de mistureba química no quintal, sob o sol. Felizmente sem queimaduras ou explosões!
Mas não segui essas ciências na minha vida profissional, afinal também sou apaixonada por literatura, por ouvir e contar histórias, por cultura (geminiana que chama né). O caminho das humanidades acabou sendo o escolhido.
Lembro também que lá com os meus 14 ou 15 anos fiz um curso gratuito na Escola de Astrofísica, que fica no Parque Ibirapuera em São Paulo. Fiz por curiosidade mesmo e entre muitas opções que eram mais “técnicas”, escolhi a de História da Astronomia. Só tinha eu e mais duas meninas em toda a sala.
É lindo, pelo menos eu acho, explorar as fronteiras no universo, resolver mistérios sobre a nossa origem, descobrir o potencial que existe por aí e conhecer coisas que nem sabemos que não sabemos.
Isso está diretamente ligado à evolução da ciência, e portanto da tecnologia, que é a forma instrumentalizada de aplicar a ciência no dia a dia, de convertê-la em bens de consumo ou serviços.
Mas nas últimas quatro décadas a diferença de gênero aumentou nessa área, da tecnologia, com apenas 1 mulher a cada 5 pessoas que trabalham na indústria.
Em escala global, estima-se que em 2021 as mulheres representavam 32,2% da força de trabalho nos postos gerais em empresas de tecnologia e 24% nos cargos técnicos, com uma previsão de chegar a 32,9% nos postos gerais e 25% nos técnicos em 2022.
É estranho perceber essa diferença, quando nós, mulheres, estivemos na origem de tudo.
Foi Ada Lovelace que criou o primeiro algoritmo processado por uma máquina.
Na Segunda Guerra Mundial, mulheres foram responsáveis por operar os primeiros computadores já criados.
Hedy Lamarr foi responsável pela base da tecnoloia que deu origem ao Wi-Fi, algo tão comum no nosso dia a dia.
Curiosamente, nos anos 1960 programação e codificação eram quase considerados como “trabalho de mulher”.
E não podemos deixar de citar Annie Easley, cientista da NASA que foi pioneira do ponto de vista de gênero e racial. Aliás, para quem gosta do tema, o filme “Estrelas Além do Tempo”, de 2016, é baseado na história real de três cientistas negras que trabalharam na NASA durante a Guerra Fria e que colaboraram na corrida espacial.
Para se interessar por uma área, basta existir o contato, a familiaridade.
Recentemente a Camila Achutti falou em uma entrevista sobre sua relação precoce com computadores por causa do trabalho de seu pai. Disse ainda que aquele equipamento nunca foi algo proibido, pelo contrário, tanto o pai quanto a mãe estimularam a curiosidade da filha. Foi mexendo desde pequena que surgiu seu interesse e ela foi a única mulher da sua turma a se formar em ciências da computação em 2013.
Vale lembrar também que a Camila Achutti participou da primeira edição da revista COLORIDO da Free Free, com nada menos do que… poesia, já quebrando o estereótipo da pessoa tech, racional com dificuldade de expressar sentimentos.