Sabe, parece que sempre estamos à procura de algo.
Que tem alguma coisinha faltando para que a nossa vida seja “ideal”.
Às vezes isso pode ser um emprego melhor, com um salário maior ou mais alinhado com nossos gostos e valores. Às vezes são os nossos relacionamentos que não são satisfatórios, sejam familiares, amorosos ou de amizade. Ou então tem algo na nossa aparência que continuamos implicando.
Enquanto estamos por aí, sempre na busca do que acreditamos faltar em nossa vida, tem apenas uma coisa que deveríamos estar constantemente, e de forma consciente, buscando: nossa potência.
Porque tudo o que a gente precisa de fato já está em nós.
Temos uma vida e só cabe a nós decidir o que queremos fazer com ela.
Todo dia temos a escolha de viver, realmente viver, da forma que desejamos.
Ao se levantar da cama você pode fazer um exercício e se perguntar: “Hoje eu vou ficar implicando com meu corpo ou vou me curtir, do jeito que sou?”; “Hoje eu vou lamentar o fato de não ter alguém para compartilhar a vida ou vou estar aberta para a possibilidade de conhecer novas pessoas?”; “Hoje vou ficar apreensiva ou estar disposta a todas oportunidades que surgirem, para o que der e vier?”.
É fundamental saber da nossa potência, que temos a capacidade de lutar pelos nossos sonhos, a competência de resolver os problemas que surgirem, e a leveza que nos permite viver as coisas boas, ou mesmo saber identificá-las, já que muitas podem passar batidas quando estamos nos preocupando com o que não temos.
Disse tudo isso porque o assunto de hoje é o oposto da nossa potência. Queria falar sobre as situações onde realmente somos impotentes. Elas existem.
Somos impotentes quando temos alguém fisicamente mais forte ou armado ameaçando nossa integridade física. Somos impotentes quando o simples fato de estar em um transporte público ou na rua pode motivar comentários desagradáveis ou até assédio. Nos sentimos impotentes quando não temos controle sobre a nossa saúde ou quando ocorre um aborto espontâneo. Somos impotentes quando não temos acesso à educação e à informação. Impotentes quando nos impedem de acessar métodos contraceptivos ou jogam essa responsabilidade para nós, como se fosse exclusivamente nossa. Nos sentimos impotentes quando sofremos com racismo, discriminação de gênero, ou até os dois ao mesmo tempo.
Nenhuma dessas situações é nossa culpa, mas sentimos raiva quando, por algum motivo, não podemos agir, combater ou evitá-las.
Em um mundo ideal, nada disso seria uma preocupação. Nos sentiríamos seguras em qualquer lugar, o preconceito não existiria e poderíamos manifestar indignação sem pôr em risco a nossa própria vida.
Por anos tivemos “nossas asas cortadas”, sem possibilidade de viver livremente, porque certos comportamentos eram esperados de nós. Esperavam que fôssemos submissas, que em uma determinada idade já tivéssemos uma família e um homem para nos proteger, que estivéssemos sempre arrumadas, que não gritássemos ou brigássemos, afinal isso é um comportamento masculino.
Eu e você sabemos o quão absurdas são essas expectativas, mas a sombra delas ainda paira sobre nós e impede muitas mulheres de viverem de forma completamente livre, em sua máxima potência.