Ontem, foi um dos dias mais difíceis da minha vida, eu enterrei um bebê.
A minha sobrinha morreu ainda na barriga da mãe, aos 7 meses de gestação, e nessa hora não tem muito o que dizer, a gente vê a vida invertendo a sua ordem e um serzinho tão esperado indo embora, antes mesmo de chegar. Maya tinha o nome de umas das mulheres negras mais famosas do mundo, era também a minha primeira afilhada, a primeira neta da minha mãe e a primeira filha da minha irmã.
Enterrar um caixãozinho tão pequeno é doloroso demais! Eu, que odeio ver qualquer coisa ruim acontecendo à uma criança, saí destruída do cemitério depois de passar minutos observando vários mini túmulos.
A gente não tem ideia de quantas crianças morrem por dia, algumas com uma vida breve, outras, como a Maya, que nem chegaram a dar o primeiro chorinho.
Nesse processo de descoberta da morte, do parto induzido e do funeral, pensei em como nunca dei muita atenção ao luto das mulheres que perderam seus bebês, parece que o fato da criança não ter um rosto, certidão ou um nome, anula a sua passagem na vida das pessoas, torna esse luto invisível. Essas mães não recebem empatia, nem condolências; é como se não pudessem sofrer por seus filhos que sim, existem, apesar da partida precoce.
A maternidade não começa a partir do parto, começa com os planos, com a compra de cada roupinha, com a escolha do nome e com a expectativa que nasce dentro dessas mulheres desde o exame positivo. A conexão entre mãe e filho existe muito antes da bolsa se romper, algumas pessoas mais ligadas à espiritualidade acreditam que em outro plano nós já escolhemos quem vai nos trazer para esse mundo, acreditando ou não nisso, a gente sabe que gravidez é a vida acontecendo.
A Maya existiu e existe, assim como tantas outras crianças. Ela despertou diversos sentimentos nas pessoas ao seu redor, ela faz parte das nossas lembranças e é uma parte da nossa história. A minha irmã é mãe, mesmo que não tenha sua filha nos braços, assim como tantas outras mulheres.
Quando nasce uma mãe, nasce uma culpa. Um episódio da primeira temporada do Papo Free Free com a chef Renata Vanzetto que vale muito a pena escutar mais uma vez.
Pessoas que odeiam crianças e como isso impacta a vida das mães.
Saiu uma matéria sobre como podemos esquecer tudo, menos as músicas que marcaram momentos da nossa vida.
E tem som que vem cheio de lembranças, Avôhai é um desses, era a canção favorita da minha avó e uma das que mais me lembra a minha mãe.
Vale a pena assistir:
WeCrashed é uma série com Jared Leto (numa atuação melhor que a do Coringa, juro) e Anne Hathaway que conta a história do We Work uma empresa que passou por poucas e boas quando entrou na bolsa de valores, ele é um bom exemplo de loucuras que os empreendedores fazem. Talvez eu tenha me interessado na série por trabalhar em um dos prédios do Coworking, mas juro que é interessante, você fica o tempo todo se perguntando onde as pessoas estavam com a cabeça, mas é uma boa história rs.
Dedico essa primeira edição as mulheres mais importantes da minha vida: Minhas avós, minha mãe, minha irmã e a minha sobrinha Maya ❤️