Esse mês vamos dar uma atenção especial para temas relacionados à saúde emocional.
Hoje queria conversar sobre algo que sempre existiu, mas parece estar cada vez mais comum.
Você já deve ter visto ou ouvido alguma das variações da frase que diz: o homem perde a saúde para juntar dinheiro, e depois perde o dinheiro para recuperar a saúde.
Pois é, as cobranças do mercado de trabalho, a alta competitividade e a necessidade ou desejo de conseguir manter um determinado padrão de vida não é uma angústia só dos dias atuais.
O que é mais recente é a consciência de que nada vale mais do que o seu bem-estar. Até porque quando nos levamos ao limite, seja de estresse ou exaustão, se não pararmos, o nosso corpo vai nos parar. E é isso que chamamos de burnout.
Essa manifestação pode ocorrer de diversas formas, com sintomas físicos e emocionais, que podem ser dor de cabeça, dores musculares, palpitação, pressão alta, dificuldade de concentração, irritabilidade, mudanças bruscas de humor, cansaço excessivo, ansiedade, depressão, entre outros.
Burnout porque assim como um fósforo que queima todo seu combustível, isso também pode acontecer conosco.
Precisamos saber dosar a nossa energia para não esgotá-la.
Se a pandemia e o “novo normal” foram um desafio para quase todo mundo, um estudo aponta que as mulheres relatam com maior frequência vivenciar o estresse relacionado ao trabalho do que os homens. Elas são 74% e eles 61%.
Outro levantamento indica que mães que trabalham têm 23% mais chances de ter um burnout do que os pais que também trabalham.
Em 2018 já se falava que mulheres eram mais vulneráveis aos burnouts, por diversos fatores, incluindo a frustração por receber menos promoções no trabalho e as dificuldades de conciliar os cuidados com os filhos, tarefas domésticas e o emprego.
E ainda vale lembrar que o Brasil é considerado o país mais ansioso pela OMS.
Você não precisa ser CEO para ter um burnout. E às vezes até quem não tem um trabalho externo pode chegar ao limite. Não podemos diminuir a responsabilidade, o cansaço e a extenuante jornada que é ser mãe e dona de casa.
Para quem está tentando equilibrar todos os pratinhos, do trabalho fora, doméstico e de cuidado, o estresse é quase inevitável.
Existe uma glamourização das pessoas que se dedicam ao extremo. Tem quem ache lindo a mãe que acabou de ter um bebê, segurando o recém-nascido para amamentá-lo enquanto responde e-mails no celular. Um momento tão único, tão precioso deveria ser apreciado com exclusividade, com presença. Não com a atenção dividida.
E não deveria ser esperado que, para trilhar um caminho de destaque dentro da empresa, a pessoa precise estar o tempo todo conectada e disponível, ou trabalhar por mais da metade do seu dia, todos os dias.
Alguns países já testam ou implementaram a jornada de trabalho de 4 dias.
Ao invés de normalizar que ter uma carreira de sucesso exige dedicação extrema, poucas horas de sono, refeições corridas ou improvisadas, precisamos estabelecer (e seguir) que o descanso e o lazer também são essenciais para uma vida feliz e saudável.
Porque vamos ser pessoas melhores e, consequentemente, profissionais melhores, se utilizarmos parte do nosso tempo para ler um livro, ver filmes ou séries, nos dedicar a cultura de forma geral. Ou só descansar mesmo.
Nossos dias não podem se resumir a riscar itens de uma lista, a repetir as mesmas tarefas, a acordar, produzir, dormir e repetir.
Cada dia só pode ser vivido uma única vez, e apesar de sabermos bem que nem todos vão ser extraordinários, que ao menos todos tenham bons momentos.
Passamos pelo menos 1/3 do dia no trabalho, mais da metade da semana e a maior parte do ano. É tempo demais para ser passado com uma sensação de angústia ou de aflição. Com o desejo de que passe rápido.
O trabalho pode ser muito bom, um lugar onde percebemos nossa evolução, onde aprendemos, onde sentimos ter um propósito.
Ou não.
Pode ser apenas o lugar onde passamos um tempo para conseguir os recursos que vão garantir nossa sobrevivência. Dinheiro que será utilizado para suprir nossas necessidades básicas e também ser investido naquilo que nos faz bem, que nos dá prazer. Pode ser um hobby, uma viagem, um bar ou balada com os amigos. Cabe a cada uma de nós encontrar a válvula de escape que alivia a pressão. Mas o melhor cenário é que essa válvula não fique constantemente à beira de explodir.
A escolha da carreira que você quer seguir é somente sua. Você é a pessoa que vai decidir se é importante ser reconhecida pelo seu trabalho ou não. E os dois caminhos são perfeitamente válidos.
Só não deixe sua chama se apagar em nenhum deles, por se esforçar demais ou por ter motivação de menos.
Seu brilho deve ser constante!