Olá você!

Que carinhosamente chamamos de Freefree, pois se está aqui, é porque assim como nós, acredita que um mundo com mais liberdade é melhor.

Essa minha primeira newsletter assinada coincide com a semana do meu aniversário e não sei você, mas essa data sempre me faz refletir sobre de onde vim e aonde quero chegar. Mais do que o ano novo até, quando bate aquele cansaço, pensamos no que precisa ser finalizado e o que poderá ser jogado para o ano seguinte.

Então queria compartilhar um pouco do que aprendi nesses 33 outonos, e acho que você também pode se identificar.

É fato que o tempo passa e que não há nada que possamos fazer para impedir isso.

Mas a nossa relação com o tempo deveria ser mais natural e com menos cobranças.

Porque não existe um cronograma do sucesso, de metas que devemos cumprir até determinada idade para estar no timing correto das fases da vida.

 

 

Felizmente há uma aceitação cada vez maior de que nem todas as mulheres querem ser mães, de que tudo bem mudar totalmente de carreira, fazer uma nova faculdade e começar do zero em qualquer momento da vida. E que relacionamentos são bons enquanto forem satisfatórios, sem limite de idade para viver um novo amor…ou vários.

Conscientemente sabemos disso, somos mulheres mudééérnas, independentes, livres, determinadas… mas não é sempre que sentimos esse empoderamento todo né?

 

 

Tem dias que o pensamento sobre como seria viver outra realidade passa pela nossa mente. Que desejamos ter mais do que já temos, que nos sentimos angustiadas como se estivéssemos perdendo um tempo vital para realizar e construir o que desejamos.

E é muito ruim quando nossas expectativas se tornam cobrança.

Pior ainda, uma cobrança de nós mesmas, aquela voz na nossa mente que nunca dá sossego. Afinal, é errado estar satisfeita com uma vida mediana? Todas deveríamos buscar sucesso? O tempo todo?

Não existe uma resposta simples de sim ou não para essa pergunta, mas o que devíamos estar constantemente exercitando é não sofrer, sentir culpa ou se cobrar por aquilo que falta. Dar uma folga para nós mesmas!

Não somos obrigadas a querer e perseguir o sucesso, que é bastante relativo e pode mudar sua concepção em diferentes fases da nossa vida.

Também precisamos deixar de lado a necessidade de validação para nos sentirmos satisfeitas com nós mesmas. Claro que é bom saber que somos admiradas e reconhecidas por nossos esforços, ou simplesmente por ser quem  a gente é, mas precisamos mesmo dos outros para nos sentir assim?

Podemos praticar a autoapreciação, dar aquela moral para nós mesmas, ser a voz amiga que diz “fica tranquila que você está indo bem!”.

 

 

Parar de achar que somos obrigadas a viver em uma busca alucinante de novas e novas conquistas. Até porque eu acho que se for pra ser obrigada, nem feliz a gente precisa ser.

Devemos aceitar que os mais variados sentimentos vão passar por nós, que vamos ter momentos em que estaremos no pique de correr atrás do nosso crescimento, de novidades, de nos expandir, e outros que estaremos mais introspectivas precisando de acolhimento (nosso mesmo) ao invés de cobranças.

Saber também que temos infinitas chances de recomeçar, de viver um novo ciclo a qualquer momento.

Que a vida não é um jogo que vencerá aquela que preencher uma tabelinha de quesitos antes das demais.

Que podemos e devemos respeitar o nosso tempo, seja ele qual for.

Pelo menos é o que eu espero desse novo ciclo.

Acho que maturidade é isso, não ter pressa, ficar aflita, desapegar da ideia de perfeição e de que temos etapas a cumprir.

Talvez a minha versão ainda mais madura discorde, mas tenho certeza que viver assim, com mais aceitação e menos cobrança, é libertador.

 

 

Para ver, ouvir, ler e se inspirar

No ano passado a HBO lançou o documentário “Jagged” sobre a vida e carreira da cantora Alanis Morissette, mas acabei vendo só por esses dias. Além de ficar arrepiada de escutar novamente algumas das músicas que fizeram parte da minha pré-adolescência, agora mais velha, com mais vivências, revisitar as letras e entender o quão profundas elas são foi uma experiência e tanto. O documentário aborda muitos, mas muuuuitos temas fundamentais e atualíssimos, como se permitir sentir, o impacto da indústria cultural na saúde física e emocional das mulheres, o assédio e o processo de entender que você foi uma vítima de abuso, a mentalidade da escassez (a crença de que não tem espaço para todas as mulheres, ainda mais em um cenário em que se é pioneira). Tudo que acreditamos e defendemos, a Alanis já estava falando lá nos anos 90! Vale muito assistir, embora haja alguma controvérsia, porque a própria cantora, que concedeu uma entrevista para a produção, discordou de alguns recortes feitos no filme. Mas como expectadora, a minha impressão é que quem fez o documentário é fã da cantora e quis exaltar sua força.

 

A Biblioteca da Meia-Noite é um livro muito bom para quem está precisando de um pouquinho de esperança. A obra de Matt Haig conta a história de Nora Seed, uma mulher de 35 anos que, apesar de muito inteligente e talentosa, sente não ter conquistado nada em sua vida e lamenta suas escolhas. As coisas começam a piorar e a protagonista não vê mais um motivo para continuar vivendo. Nesse limiar entre a vida e a morte, ela tem a possiblidade de vivenciar todas as diferentes vidas que poderia ter vivido se tivesse feito escolhas diferentes. É um livro metafísico e reconfortante ao mesmo tempo, com bastantes reflexões filosóficas que nos fazem colocar os nossos próprios problemas em perspectiva. Os capítulos são curtos e o autor escreve de um jeito muito agradável, o que dá ainda mais vontade de não parar de ler. Se a temática pode parecer “pesada”, o efeito que ele causa é justamente o oposto, de leveza e bem-estar.

Quer saber um pouco mais sobre os arquétipos femininos? A Lila Mesquita fala sobre como essas representações universais das potencialidades que todas nós carregamos ajudam a enxergar os paradigmas e crenças que nos foram atribuídos ao longo dos anos, lá no podcast Cheia de Camadas.

Um grande beijo e até a nossa próxima conversa!