Na semana que precede o Dia das Mães, o assunto não poderia ser outro: a maternidade.

Ser mãe, que além de ser uma função de tempo integral, é uma escolha que deve caber à mulher. Por mais que seja lindo ter um filho, uma forma totalmente diferente de vivenciar o amor e um papel social ao perpetuar a humanidade, não é e jamais deverá ser uma obrigação.

É crescente a quantidade de mulheres que começam a se questionar se têm de fato a vontade de serem mães ou se esse é um valor culturalmente induzido durante toda a nossa vida. Existe até um termo para isso: NoMo, uma abreviação de “No Mothers”. No Brasil, elas representam 37% das mulheres, o que é bastante expressivo.



A sociedade ainda julga quem opta por esse caminho. Como se fosse um desperdício não usarmos o útero. Frases como “ah, você diz isso agora, mas uma hora o relógio biológico vai chamar” não são incomuns.

Tratam a mulher que diz abertamente não ter o desejo de ser mãe como egoísta.

 

Foi só em março, dois meses atrás, que a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que retira da legislação a exigência do consentimento do cônjuge para a realização de laqueadura ou vasectomia. E ainda aguardamos o parecer do Senado sobre o tema.

Mas se a lei diz que pode fazer a esterilização voluntária qualquer mulher com 25 anos ou ao menos dois filhos, sabemos que esse “ou” não é interpretado como deveria. Muitos médicos tentam desestimular o que deveria ser uma decisão da mulher, dona de seu corpo. Falam “você é muito nova, vai se arrepender”. E mesmo nos casos em que a mulher já tem a quantidade de filhos, mas não a idade, as dificuldades continuam.

E agora falando das mulheres que escolhem ser mães é aí que os julgamentos vem de todos os lados!

Vão falar que você é muito nova, que devia ter se planejado melhor, ou então que você é muito velha, que é arriscado. Vão dar 1001 dicas não solicitadas do que acham que você deveria fazer para cuidar do SEU filho.

Se você optar por não trabalhar, vão falar que você abriu mão da carreira. Se continuar trabalhando vão falar que você não é uma mãe dedicada.

 

Vão te olhar feio se seu filho estiver chorando na rua. Vão te criticar por ter dado a chupeta, o celular ou qualquer outra coisa quando você só precisava de alguns minutos de paz.

 

 

E tem dias que a sensação de arrependimento vai passar por você. E o pior é que você vai se sentir culpada.

A frase “quando nasce uma mãe, nasce uma culpa” é real e falamos sobre isso com a chef Renata Vanzetto no nosso podcast. Se não ouviu pega esse #TBT fora de dia porque foi um papo muito legal.

Indicado ao Oscar desse ano, o filme “A Filha Perdida” aborda também de uma forma muito humana o debate sobre o que se espera das mães. E quão libertador é saber que não existe fórmula da maternidade perfeita.

 

A Filha Perdida (2021)

A mensagem que queríamos deixar para você refletir nessa semana é que não existe certo ou errado. Só você pode saber qual caminho deseja seguir.

E mesmo tendo clareza na hora de fazer essa escolha, tem dias que a outra opção vai ter um apelo maior.

Mas a boa notícia é que está permitido sentir. Sentir tudo. Não se cobre ou se culpe quando você errar. E você vai errar, todas erramos.

Você não é uma mulher incompleta se decidir que não quer ser mãe. Você não é uma mãe ruim ao conciliar a maternidade com suas outras aspirações pessoais.

Talvez a maior beleza da maternidade é poder aprender algo novo sobre nós mesmas, todos os dias. Descobrimos uma força incrível que sempre existiu em nós.

E nós mulheres somos uma força da natureza. Sempre fomos. Devemos utilizar esse nosso potencial para construir a realidade que queremos. De forma livre e consciente.

Um beijo e boa semana!