Quando o que deveria ser rotina vira um peso

Esse mês vamos dar uma atenção especial para temas relacionados à saúde emocional.

Hoje queria conversar sobre algo que sempre existiu, mas parece estar cada vez mais comum.

Você já deve ter visto ou ouvido alguma das variações da frase que diz: o homem perde a saúde para juntar dinheiro, e depois perde o dinheiro para recuperar a saúde.

Pois é, as cobranças do mercado de trabalho, a alta competitividade e a necessidade ou desejo de conseguir manter um determinado padrão de vida não é uma angústia só dos dias atuais.

O que é mais recente é a consciência de que nada vale mais do que o seu bem-estar. Até porque quando nos levamos ao limite, seja de estresse ou exaustão, se não pararmos, o nosso corpo vai nos parar. E é isso que chamamos de burnout.

 

Essa manifestação pode ocorrer de diversas formas, com sintomas físicos e emocionais, que podem ser dor de cabeça, dores musculares, palpitação, pressão alta, dificuldade de concentração, irritabilidade, mudanças bruscas de humor, cansaço excessivo, ansiedade, depressão, entre outros.

Burnout porque assim como um fósforo que queima todo seu combustível, isso também pode acontecer conosco.

Precisamos saber dosar a nossa energia para não esgotá-la.

Se a pandemia e o “novo normal” foram um desafio para quase todo mundo, um estudo aponta que as mulheres relatam com maior frequência vivenciar o estresse relacionado ao trabalho do que os homens. Elas são 74% e eles 61%.

Outro levantamento indica que mães que trabalham têm 23% mais chances de ter um burnout do que os pais que também trabalham.

Em 2018 já se falava que mulheres eram mais vulneráveis aos burnouts, por diversos fatores, incluindo a frustração por receber menos promoções no trabalho e as dificuldades de conciliar os cuidados com os filhos, tarefas domésticas e o emprego.

 

 

E ainda vale lembrar que o Brasil é considerado o país mais ansioso pela OMS.

Você não precisa ser CEO para ter um burnout. E às vezes até quem não tem um trabalho externo pode chegar ao limite. Não podemos diminuir a responsabilidade, o cansaço e a extenuante jornada que é ser mãe e dona de casa.

Para quem está tentando equilibrar todos os pratinhos, do trabalho fora, doméstico e de cuidado, o estresse é quase inevitável.

Existe uma glamourização das pessoas que se dedicam ao extremo. Tem quem ache lindo a mãe que acabou de ter um bebê, segurando o recém-nascido para amamentá-lo enquanto responde e-mails no celular. Um momento tão único, tão precioso deveria ser apreciado com exclusividade, com presença. Não com a atenção dividida.

E não deveria ser esperado que, para trilhar um caminho de destaque dentro da empresa, a pessoa precise estar o tempo todo conectada e disponível, ou trabalhar por mais da metade do seu dia, todos os dias.

Alguns países já testam ou implementaram a jornada de trabalho de 4 dias.

Ao invés de normalizar que ter uma carreira de sucesso exige dedicação extrema, poucas horas de sono, refeições corridas ou improvisadas, precisamos estabelecer (e seguir) que o descanso e o lazer também são essenciais para uma vida feliz e saudável.

Porque vamos ser pessoas melhores e, consequentemente, profissionais melhores, se utilizarmos parte do nosso tempo para ler um livro, ver filmes ou séries, nos dedicar a cultura de forma geral. Ou só descansar mesmo.

Nossos dias não podem se resumir a riscar itens de uma lista, a repetir as mesmas tarefas, a acordar, produzir, dormir e repetir.

 

 

Cada dia só pode ser vivido uma única vez, e apesar de sabermos bem que nem todos vão ser extraordinários, que ao menos todos tenham bons momentos.

Passamos pelo menos 1/3 do dia no trabalho, mais da metade da semana e a maior parte do ano. É tempo demais para ser passado com uma sensação de angústia ou de aflição. Com o desejo de que passe rápido.

O trabalho pode ser muito bom, um lugar onde percebemos nossa evolução, onde aprendemos, onde sentimos ter um propósito.

Ou não.

Pode ser apenas o lugar onde passamos um tempo para conseguir os recursos que vão garantir nossa sobrevivência. Dinheiro que será utilizado para suprir nossas necessidades básicas e também ser investido naquilo que nos faz bem, que nos dá prazer. Pode ser um hobby, uma viagem, um bar ou balada com os amigos. Cabe a cada uma de nós encontrar a válvula de escape que alivia a pressão. Mas o melhor cenário é que essa válvula não fique constantemente à beira de explodir.

 

 

A escolha da carreira que você quer seguir é somente sua. Você é a pessoa que vai decidir se é importante ser reconhecida pelo seu trabalho ou não. E os dois caminhos são perfeitamente válidos.

Só não deixe sua chama se apagar em nenhum deles, por se esforçar demais ou por ter motivação de menos.

Seu brilho deve ser constante!

 


Quando falar salva

Três pilares guiam o nosso trabalho: a liberdade física, financeira e emocional.

Não dá para elencar qual é a mais importante, e enquanto temos muitos fatores que fogem do nosso controle, a liberdade emocional merece uma atenção especial. Ela é afetada pelas outras duas.

Qualquer pessoa pode se envolver em um relacionamento abusivo, que tira nossa liberdade física. Problemas financeiros afetam nossos sentimentos. Mas mesmo pessoas que não têm limitações de dinheiro e relacionamentos saudáveis, também podem ter que lutar com a saúde emocional.

E lutar é a melhor forma de definir o que acontece, porque não é nada fácil.

Entramos em setembro, mês de prevenção ao suicídio e precisamos falar sobre isso.

 

 

Para além dos dados que indicam que uma pessoa tira a própria vida a cada 40 segundos, e que cerca de 800 mil pessoas no mundo se suicidam ao ano, tem ainda um número muito maior de pessoas que pensam nele, que tentam, com diferentes níveis de ímpeto, mas felizmente não vão até o final.

São três os grupos com quem achamos importante falar, mas mesmo se você não for de um deles, refletir sobre isso cabe a todas nós: pessoas que convivem com problemas de saúde emocional, amigos e familiares dessas pessoas, e os amigos e familiares que perderam alguém dessa forma.

O suicídio é o último degrau de uma escalada que costuma ter muitos degraus.

Existem sinais:

A pessoa se isola, até das pessoas que ela mais gosta. As tarefas mais simples e cotidianas parecem muito difíceis de realizar. Falta de interesse por aquilo que antes nos animava ou era empolgante. Mudanças nos hábitos alimentares, podendo ser opostas: falta de apetite ou alimentação compulsiva. Falta de motivação para se cuidar, desde escovar os dentes, tomar banho ou trocar de roupa. Dificuldade de se concentrar e falta de vontade de empenhar esforços para isso. Sensação de que você está desconectada da realidade das pessoas ao seu redor.

E os pensamentos suicidas, nem sempre são “eu quero morrer”.

Eles também aparecem como:

“Eu sou um peso, um fardo para as pessoas que amo. Elas ficariam melhor sem mim”

“Ninguém liga que eu existo”

“Me sinto presa e preciso de uma saída”

“Não existe um futuro que eu queira estar”

“Dormir não é suficiente para aliviar meu sofrimento”

“Preciso me livrar desse ciclo de pensamentos negativos”

“Não aguento mais essa dor”

Lidar com esses sentimentos e pensamentos é muito difícil. Mais difícil quando tentamos fazer isso sozinhas, sem apoio de outras pessoas e principalmente de ajuda profissional.

Quando tudo está demais para suportar, e isso acontece por muito tempo, é preciso que haja uma intervenção. Terapêutica e muitas vezes química também. Não há nada de errado em precisar de remédios por um tempo, ou mesmo por toda a vida. Não é uma vergonha.

 

 

Não devemos abrir mão de qualquer recurso que faça com que a gente continue existindo.

Falar que a vida é bonita, que coisas boas acontecem e que os sentimentos ruins vão passar dificilmente é algo que será assimilado por quem está em um crise.

Por isso é importante se apegar ao fato mais básico da vida: ela acaba.

Nossa morte é a única certeza absoluta e realmente não faz sentido encurtar essa viagem, mesmo quando ela parece sufocante.

 

 

Sem entrar na questão de fé, do que acontece depois, terminar a nossa existência, essa oportunidade única de ser quem a gente é, não pode ser entendido como o único caminho.

E se vamos morrer, mais cedo ou mais tarde, precisamos nos permitir ter a chance de viver coisas que nem imaginamos, sabendo que é possível melhorar, que não vai ser sempre tão difícil.

Tem pessoas que vão amar te conhecer. Permita.

Tem lugares em que sua presença é necessária. Esteja neles.

Vai ter um dia normal que será contemplado com um acontecimento incrível. Esteja disponível para esse dia.

Existem coisas que vão te empolgar de novo.

E não tenha dúvidas que o mundo é melhor com a sua presença. Só você pode ser você.

E se falei em permitir aqui em cima, permita que você mesma conheça a sua melhor versão.

A mais curada, a mais satisfeita, mais tranquila e mais feliz.

Se tem algo que vale a pena lutar é poder conhecer essa sua versão de você.

Não precisa dar 100% de você o tempo todo, respeite seu tempo de cura, não se cobre isso, de estar radiante o tempo todo. Mas fique por aqui para ver seu progresso. Que seja 1% melhor a cada dia. Uma hora você vai sentir que está vivendo ao invés de sobrevivendo. Esteja aqui para esse dia.

 

 

E para quem convive com alguém que luta com a saúde emocional, saiba estar presente sem cobrar, sem julgar, sem fazer promessas que não sabe se pode cumprir. Esteja lá para escutar, mesmo quando ela não quiser falar. É difícil saber dosar a atenção na medida certa, mas é possível. Se ofereça para acompanhá-la em uma consulta ou em outra forma de conseguir ajuda. Seja empática e não diminua suas dores. Ninguém é culpada pelos próprios sentimentos, mas ter alguém ao lado faz toda a diferença.

Por fim, para quem perdeu alguém dessa forma, saiba que não existe culpa ou responsabilidade. Não se puna com pensamentos do que poderia ter sido feito diferente, de que poderia ter sido evitado. Não fique caçando os erros e os acertos. Honre a memória dessas pessoas cuidando da sua própria saúde emocional.

Vamos todas nos cuidar <3


Sobre uns quilinhos a mais na balança

Ei, mulher! Como vão as coisas?


Espero que estejam bem!

Eu nunca curti muito meu corpo. Queria ser mais baixa, não curto muito meus ombros largos, nem meus seios grandes e, assim, como a grande maioria das mulheres, eu travo uma luta contra a balança que deixaria qualquer combate do UFC no chinelo.  


Eu tenho 1,73 de altura e durante toda a minha adolescência pesava entre 70/73 kg e usava calças número 44. Todos estamos de acordo que esse peso condiz com a minha altura, certo? Porém, minha família e meus amigos achavam que eu precisava de uma dieta. Um antigo professor de educação física, chegou a dizer com todas as letras que eu estava "gorda demais'' e tinha que me cuidar. Eu comecei a parar de comer, o que resultou, anos depois, em um tratamento contra anemia profunda, e adivinhe só! Me fez engordar mais rs. 


O ponto aqui é, que um corpo fora do padrão é visto quase como algo público, todo mundo se sente no direito de opinar, e isso vai minando até a mais alta das autoestimas. Não tem como se amar, se a todo instante você recebe a mensagem que tem algo de errado com o seu corpo. Se é difícil achar roupas do seu tamanho e, em alguns casos, não consegue nem pegar um transporte público, por não passar na catraca. Pessoas tiram sarro das suas curvas e usam a desculpa que estão "preocupadas" com a sua saúde. Muitos vão se chocar com essa informação: pessoas magras também adoecem e posso usar o meu caso como exemplo. No auge dos meus 63 kgs, o menor peso que já tive na vida, eu estava tão anêmica, que era comum eu desmaiar por aí. 


Então, eu apelo para o bom senso geral e repito uma frase batida que pede: "por favor, se você não tem algo bom para falar sobre a aparência de alguém, fique calado!"


Beyoncé voltou com um álbum que entrega referências negras na beleza e da história da música e depois da Bey Illuminati temos mais uma teoria da conspiração: será que esse álbum tem algo a ver com o apocalipse? 

O Instagram está acabando? 

Essa pesquisa do Google sobre como surgem preconceitos e como combatê-los. 

Filmes de romance com protagonistas não brancos. 

O compilado de momentos icônicos da maior entrevista da televisão brasileira (na minha opinião). 

E por fim, essa baboseira que sempre me faz rir. 

Pra assistir


Pacto Brutal: O assassinato de Daniella Perez (HBO Max) 

Quando a Daniella morreu eu tinha meses de vida, mas sei um pouco da história porque minha mãe vez ou outra lembra do caso. O documentário narra o crime e a resolução de uma forma bem dolorosa e visceral, inclusive com imagens do corpo sem nenhum tipo de censura. Vale a pena ver, mas se prepare para chorar e sentir revolta diversas vezes a cada episódio. 

Cenas que me marcaram: Glória falando sobre o amanhecer do dia do crime, e  o assassino ofendido em ser chamado de homessexual. 

Para ouvir: 

America has a problem da Queen Bey é uma obra prima e vocês não sabem da maior: esse hino tem o mesmo sample de uma música do Furacão 2000

Até a próxima! 

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Essa é pras solteiras!

Eu sei que você é uma mulher independente, autossuficiente, que sabe o seu valor e que está em uma linda jornada para concretizar os seus objetivos.

Sei também que você tem plena consciência de que estar solteira não é nenhum problema, pelo contrário, e que hoje não faz mais sentido associar o sucesso pessoal de alguém com o fato de ter ou não um relacionamento.

Mas....

E quando bate aquela carência?

 

Porque a vontade de estar com alguém também existe. É humana e natural.

Melhor ainda se for um relacionamento onde há equilíbrio, responsabilidade afetiva, reciprocidade, respeito, parceria e mais uma lista de características que nos fazem pensar “Será que existe uma pessoa assim?” ou “Só com tudo isso para valer a pena eu abrir mão da minha liberdade!”.

Hoje é o Dia dos Solteiros, uma data criada para oferecer paridade ao Dia dos Namorados, e cabe fazer a reflexão de que não tem nada errado em estar sozinha.

Ser solteira não é um peso, um castigo ou uma vergonha. Também não quer dizer nada sobre a nossa personalidade.

 

 

Por muito tempo existiu essa visão pejorativa sobre ser solteira, principalmente no caso das mulheres. Enquanto um homem solteiro era visto como alguém aventureiro, que estava curtindo sua vida ao máximo em qualquer idade, a mulher era aquela que “ficou pra tia”, que deve ter uma personalidade muito difícil por isso não se relaciona.

Ter um relacionamento é bom, quando isso é algo que acrescenta, que torna a nossa vivência mais rica.

Nunca deve ser algo motivado pelo medo de ficar sozinha, de achar que é melhor ter um relacionamento mesmo que seja ruim do que não ter relacionamento nenhum.

E até quando é bom, saudável, a própria dinâmica de se relacionar com alguém é algo que vai testar os nossos limites. Quanto mais seguras estivermos sobre o que queremos para a nossa vida, o que consideramos positivo, mais fácil será o trabalho de aparar as arestas do convívio.

Imaginar aquele encontro de almas, um amor perfeito, também é complicado. O amor real tem uma parte de defeitos, de conflitos, e a graça é justamente ele ser real. Real sempre é melhor do que perfeito.

O pior dos mundos é estar em uma situação querendo estar em outra, isso é válido para quem está solteira querendo namorar e também para quem está com alguém querendo estar solteira.

É sempre bom fazer o exercício de avaliar se a nossa vida, no momento que estamos, oferece as oportunidades que precisamos para nos desenvolver.

Combater a inércia que nos mantém em uma zona de conforto que, ao invés de confortar, nos faz sentir estagnadas. E tentar também refutar o pensamento que sempre tenta nos avaliar pelo que falta, ao invés do que temos.

O problema de depositar a nossa felicidade de forma dependente de outra pessoa é que, em qualquer mudança, nos sentimos vazias, sem um propósito. Isso vale para relacionamentos amorosos ou até familiares, como nos casos da síndrome do ninho vazio que tantas mães passam com a saída dos filhos de casa.

Por isso é tão importante construir a sua própria felicidade independentemente de outras pessoas estarem no cenário ou não.

Não existe um período certo ou uma data limite para se envolver com alguém, se for isso que você quer.

Da mesma forma, nunca é tarde para avaliar se as relações que você tem ainda fazem sentido. Não é vergonhoso se divorciar depois de um casamento de 10, 15, 25 anos ou até mais.

Precisamos ir atrás na nossa felicidade, sem medo de estarmos sozinhas em alguma parte do caminho.

Devemos nos sentir completas, porque de fato somos! E se outra pessoa completa nos despertar o interesse, podemos compartilhar a vida com ela. Ou não. Porque ser livre também é bom.

 

Só você poderá enxergar a sua realidade de forma positiva, tirar o melhor do momento que está vivendo.

E é muito importante a compreensão de que sozinha não significa solitária. Estar sozinha em paz é uma forma de celebrar a sua própria existência, de encontrar conforto na sua própria companhia. E como bem disse a incrível Martha Medeiros, “Solidão não se cura com o amor dos outros. Se cura com amor-próprio”.

Um grande beijo!


Política como ferramenta de transformação

Vivemos tempos complexos. Realmente difíceis.

As mulheres são as mais afetadas em um cenário de insegurança alimentar.

As mulheres negras são 28% da população, mas ainda tendem a ter uma participação menor no mercado de trabalho, com taxas maiores de desemprego ou informalidade.

Cada semana uma notícia estarrecedora domina os noticiários envolvendo violência sexual com mulheres e meninas...

Mas este ano, as mulheres representam 53% do eleitorado, em um universo de cerca de 150 milhões de eleitores no Brasil. Isso significa que temos 8,5 milhões de mulheres a mais do que homens que vão votar.

 

Quando o assunto é política, números fazem a diferença e quanto mais gente somar para garantir direitos e termos mais equidade, melhor.

Quem nos acompanha há algum tempo sabe que somos parceiras do Instituto Vamos Juntas, uma organização suprapartidária que trabalha pela promoção da presença feminina nos espaços de poder.

 

 

Porque não podemos esquecer que a política é, antes de mais nada, uma ferramenta para que a vida em sociedade seja melhor. Ou pelo menos é o que deveria ser.

Vivendo em tempos de polarização, diálogos importantes e construtivos acabam perdendo espaço porque temos que defender preceitos básicos.

É difícil não entrar em debates de forma acalorada. Acabamos associando preferências políticas ao caráter da outra pessoa, o que de fato se aplica a alguns valores que não podem ser ignorados como, por exemplo, qualquer tipo de preconceito ou discriminação.

Fica difícil ter um ambiente adequado para a construção da sociedade mais justa e igualitária que precisamos, quando estamos debatendo e brigando pelo que já deveria ter sido superado.

Foi em 2016 que o Fórum Econômico Mundial constatou que, se a implementação de políticas de gênero continuasse no mesmo ritmo, o Brasil levaria 95 anos para atingir a igualdade entre homens e mulheres. Isso é, quase um século até ter os nossos direitos e participação plena.

 

 

Ter mais mulheres, sobretudo no Congresso onde são criadas as leis, é essencial para reverter esse cenário e tirar o Brasil da 144ª posição do ranking que avalia a participação feminina nas casas parlamentares.

E além de ter mais mulheres atuando diretamente na política, nosso papel como cidadãs é também o de acompanhar o que está em debate. A plataforma Elas no Congresso faz um monitoramento muito importante dos parlamentares que mais atuam em favor das mulheres.

Quando falamos em violência política, que é um problema de direitos humanos, prejudicial à democracia e ao progresso, é alarmante termos o dado de que 82% das mulheres em espaços políticos já sofreram violência psicológica, 45% já sofreram ameaças, 25% sofreram violência física no espaço parlamentar, 20% assédio sexual e 40% das mulheres afirmaram que essa violência atrapalhou sua agenda legislativa.

Precisamos promover a adoção de marcos legais ou outros instrumentos destinados a enfrentar a violência política contra as mulheres, para que elas possam trabalhar por todas nós.

Só assim os problemas do dia a dia, da falta de creches à violência no transporte público, da diferença salarial injustificada à manutenção das desigualdades sociais e de gênero poderão ser combatidas com mais força e celeridade.

Como disse a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos e ex-presidente do Chile, Michelle Bachelet:

"Quando uma mulher entra na política, muda a mulher. Quando muitas mulheres entram na política, muda a política."

Juntas podemos construir o que queremos!

Um grande beijo!

 


Só prazer por aqui!

25 de julho é o Dia do Orgasmo e queríamos fazer algumas considerações.

A data tem sim uma origem comercial, afinal foi criada em 1999 por uma rede inglesa de sex shops, com o objetivo de aumentar a venda de seus produtos.

O primeiro slogan comemorativo foi “Atinja, não finja” por causa de uma pesquisa realizada à época que apontava que 80% das inglesas não conseguiam chegar ao orgasmo.

Por aqui os dados são igualmente impactantes já que uma pesquisa da USP apontou que somente metade das brasileiras consegue ter orgasmo durante as relações sexuais.

 

Por que isso acontece?

Na verdade são muitos fatores envolvidos. Desde a repressão histórica sobre a sexualidade da mulher, que culminou em diversos tabus sobre tocar o próprio corpo, ter experiências e viver sua sexualidade, até o machismo que colocou as mulheres em um lugar de que deveríamos priorizar a satisfação dos nossos parceiros.

Tem também a questão fisiológica que faz com que em média, mulheres demorem mais para chegar lá (algo que não tem absolutamente nada de errado). E a questão psicológica, porque nosso prazer começa na cabeça. Se estivermos tensas, desconfortáveis, inseguras ou ansiosas, isso dificulta ainda mais se entregar a um momento de prazer.

A Dra. Carolina Ambrogini falou sobre a sexualidade feminina na segunda edição da COLORIDO, já que o tema da revista foi justamente “Dor e Prazer”.

 

Ela também falou de diversos outros temas, como a relação de mulheres com pornografia, sexo durante a TPM e gravidez, e o desejo após a menopausa.

Para conferir a edição completa é só clicar aqui.

Precisamos ter intimidade com nosso corpo. Conhecer cada cantinho dele. Explorá-lo.

Porque quanto maior nossa intimidade com nós mesmas, mais fácil será encontrar o que nos causa prazer, seja sozinhas ou em uma relação. Então se toca mulher!

 

Vale lembrar que a única função do nosso clitóris é a de nos proporcionar prazer. São 8 mil terminações nervosas que estão lá para isso!

Também é importante ressaltar que, no sexo, o orgasmo não deve ser o único objetivo. Toda a troca envolvida nesse momento é válida. A conexão, o carinho trocado com outro corpo, isso não deve ser menosprezado porque estamos muito preocupadas apenas em chegar ao final, em atingir o principal objetivo.

E se a gente pensar bem, não é que isso se aplica a quase tudo na nossa vida? Vivemos sempre tão focadas nas metas, que nem curtimos a viagem até elas.

Quando o assunto é sexo e prazer, precisamos estar presentes. Curtir tudo. E isso começa quando a gente se permite sentir. Podemos ter orgasmos clitorianos, vaginais, múltiplos. Temos todas essas possibilidades. Viva toda a sua potência orgástica!

 

 

A palavra “libido” vem do latim e significa desejo ou anseio. Uma verdadeira energia que nos mobiliza a realizar coisas. E precisamos dessa energia, não somente de forma sexual.

Que a sua semana seja cheia de tesão por viver!

 


Arte e mudança social. Tem coisa melhor?

Nós amamos o poder transformador da arte.

Aquela música que consegue transmitir o que estamos sentindo.

Um filme que mexe com a gente e continuamos pensando nele por muito tempo depois de assistir.

Um quadro que com suas formas e cores nos impacta.

A vida sem arte seria muito sem graça!

E se a arte por si só já tem esse poder de nos tocar de um jeito especial, de transformar nossa visão de mundo, nos educar e espalhar uma mensagem importante, ela pode ser ainda mais poderosa quando utilizada como ferramenta de transformação social.

Estivemos no lançamento do clipe “Lovezinho” da maravilhosa Rachel Reis que você pode conferir aqui.

 

O vídeo, dirigido pela Lu Villaça (nosso audiovisual está muito bem representado pelas mulheres!), tem uma atmosfera única e uma fotografia pra lá de envolvente.

Como parte do cenário, estão as obras dos artistas plásticos Íldima Lima, Breno Loeser e Heitor Caetano que celebram as mulheres negras remetendo à sua ancestralidade e potência.

Esses quadros serão leiloados e toda a verba arrecadada será destinada ao Instituto Free Free, para ajudar mulheres em situação de vulnerabilidade.

E tem mais! Tanto o Breno como o Heitor vão dar mais um quadro exclusivo, criado especialmente para quem arrematar as obras maiores que já estão disponíveis no site do leilão.

 

Já a obra da Íldima vai viajar até à Europa para o evento de lançamento do Free Free World por lá. O quadro também será leiloado e o dinheiro arrecadado vai ser utilizado para os nossos projetos sociais aqui no Brasil. Levar uma artista brasileira para além das nossas fronteiras e ter o impacto social aqui é um motivo de muito orgulho para nós!

 

 

O leilão fica disponível até o dia 4 de agosto e alguém vai ter muita sorte de levar esses quadros maravilhosos para casa e ainda ajudar mulheres a terem autonomia e liberdade.

Nesse vídeo a Rachel Reis, Íldima Lima e Lu Villaça falam da parceria com o Free Free.

Fica aqui o convite para participar do leilão, dar um lance ou compartilhar com quem você acha que pode somar a esse movimento de transformação social!


Sobre meninas pretas e amoras

Ei, mulher! Como vão as coisas?


Espero que estejam bem!


Hoje, é o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. Sim, nós, pretinhas, temos um dia pra chamar de nosso! Mas infelizmente, ano após ano, nessa data temos muito mais a reivindicar do que a comemorar. Porém, dessa vez, eu não quero falar de dor, quero falar de algo muito maior: o nosso reencontro com nós mesmas.

Hoje, eu vi uma coisa muito bonita e quero compartilhar com vocês, a minha amiga Ione Maria (que por sinal é uma artista incrível) estava na praia, quando uma criança foi até a ela contar que a achava parecida com sua boneca.

 

 

 

Eu, que nasci nos anos 90, e só tive bonecas e referências brancas, me sinto agradecida por esses novos tempos onde a representatividade (mesmo que muito pequena) existe e faz com que as nossas meninas cresçam, conseguindo ter um outro olhar sobre si mesmas. Que, hoje, elas consigam se ver como princesas, como mulheres lindas e inspiradoras que um dia serão. 

Um viva aos vários movimentos históricos que lutaram para que chegássemos até aqui, e pudéssemos ver brilhar mulheres como: Maju Coutinho, Eliane Dias, Samantha Almeida, Djamila Ribeiro, Sueli Carneiro, Mc Soffia e tantas outras, porque, quando olhamos para elas percebemos que sim, é possível chegar em lugares que antes não eram destinados a nós. A esses movimentos, a nossa gratidão!

Que nós continuemos avançando e honrando nossas ancestrais. E que lutemos para que as nossas meninas consigam conhecer cada vez mais cedo, o orgulho de nascer preta. Porque nós fomos, somos e sempre seremos rainhas!

 

 

 

Esse mês tivemos também o dia do rock e adivinha só quem criou esse gênero musical? Sim, uma mulher preta. (2 min)

Esse podcast da Rádio Batuta sobre o universo da música afro-brasileira.

Novas imagens do universo. (1:33 min)

Bora ler?

Amoras (o livro que inspirou o título dessa edição) 

Um livro infantil escrito pelo Emicida. Esse vídeo já diz tudo que poderia ser dito sobre ele. 

"Que a doçura das frutinhas sabor acalanto

Fez a criança sozinha alcançar a conclusão

Papai que bom, porque eu sou pretinha também".

 

Deus há de ser - Elza Soares 

Ai que saudades da maior <3  

Bora ouvir? 

Sueli Carneiro dando a letra para o Mano Brown sobre negritude e resistência. 

Bora assistir? 

Cores e botas: Da diretora Juliana Vicente, é um curta que conta o sonho de uma menina em ser paquita e abre a discussão: por que não tem paquita preta?

 

 

Até a próxima! 

 

 

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Transpor fronteiras 🚀

Oi Freefree, tudo bem por aí?

A Nasa divulgou as primeiras imagens do telescópio James Webb, considerado o maior já construído.

 

Olhar esses pontinhos de luz, sabendo que eles representam uma infinidade de galáxias, em uma faixa que pode ser percebida por nossos instrumentos, me faz pensar o quão pequenas somos.

Não digo isso em um sentido negativo, de diminuir a nossa existência ou sentimentos. Eles existem e são válidos. Toda vez que estou sofrendo por um “drama menor” costumo pensar “qual vai ser a importância disso daqui 100 anos?” e geralmente boa parte da minha angústia diminui. Você pode tentar isso também!

O ponto é que, na escala do universo, mesmo sendo tão pequenas temos uma caminhada tão longa e tão bonita.

Somos responsáveis por tantas revoluções e avanços. Nós criamos música. Criamos arte. Curamos e salvamos vidas. E se isso por si só já não é uma baita justificativa para a beleza da nossa “pequena” existência terrestre, mesmo com todos os seus percalços, eu não sei dizer o que seria.

Na escola eu sempre fui apaixonada por ciências. Adorava as aulas práticas em laboratório, tive meu kit caseiro que era um brinquedo quase obrigatório das crianças dos anos 90, e embora houvesse a recomendação de mexer nele com a supervisão de um adulto, eu fazia todo tipo de mistureba química no quintal, sob o sol. Felizmente sem queimaduras ou explosões!

Mas não segui essas ciências na minha vida profissional, afinal também sou apaixonada por literatura, por ouvir e contar histórias, por cultura (geminiana que chama né). O caminho das humanidades acabou sendo o escolhido.

Lembro também que lá com os meus 14 ou 15 anos fiz um curso gratuito na Escola de Astrofísica, que fica no Parque Ibirapuera em São Paulo. Fiz por curiosidade mesmo e entre muitas opções que eram mais “técnicas”, escolhi a de História da Astronomia. Só tinha eu e mais duas meninas em toda a sala.

 

É lindo, pelo menos eu acho, explorar as fronteiras no universo, resolver mistérios sobre a nossa origem, descobrir o potencial que existe por aí e conhecer coisas que nem sabemos que não sabemos.

Isso está diretamente ligado à evolução da ciência, e portanto da tecnologia, que é a forma instrumentalizada de aplicar a ciência no dia a dia, de convertê-la em bens de consumo ou serviços.

Mas nas últimas quatro décadas a diferença de gênero aumentou nessa área, da tecnologia, com apenas 1 mulher a cada 5 pessoas que trabalham na indústria.

Em escala global, estima-se que em 2021 as mulheres representavam 32,2% da força de trabalho nos postos gerais em empresas de tecnologia e 24% nos cargos técnicos, com uma previsão de chegar a 32,9% nos postos gerais e 25% nos técnicos em 2022.

 

É estranho perceber essa diferença, quando nós, mulheres, estivemos na origem de tudo.

Foi Ada Lovelace que criou o primeiro algoritmo processado por uma máquina.

Na Segunda Guerra Mundial, mulheres foram responsáveis por operar os primeiros computadores já criados.

Hedy Lamarr foi responsável pela base da tecnoloia que deu origem ao Wi-Fi, algo tão comum no nosso dia a dia.

Curiosamente, nos anos 1960 programação e codificação eram quase considerados como “trabalho de mulher”.

E não podemos deixar de citar Annie Easley, cientista da NASA que foi pioneira do ponto de vista de gênero e racial. Aliás, para quem gosta do tema, o filme “Estrelas Além do Tempo”, de 2016, é baseado na história real de três cientistas negras que trabalharam na NASA durante a Guerra Fria e que colaboraram na corrida espacial.

 

Para se interessar por uma área, basta existir o contato, a familiaridade.

Recentemente a Camila Achutti falou em uma entrevista sobre sua relação precoce com computadores por causa do trabalho de seu pai. Disse ainda que aquele equipamento nunca foi algo proibido, pelo contrário, tanto o pai quanto a mãe estimularam a curiosidade da filha. Foi mexendo desde pequena que surgiu seu interesse e ela foi a única mulher da sua turma a se formar em ciências da computação em 2013.

Vale lembrar também que a Camila Achutti participou da primeira edição da revista COLORIDO da Free Free, com nada menos do que... poesia, já quebrando o estereótipo da pessoa tech, racional com dificuldade de expressar sentimentos.

 

 

São essas barreiras que devemos quebrar, de que algumas áreas são mais propensas para mulheres e outras para homens, para aumentar a participação feminina na STEM (sigla em inglês para Science, Technology, Engineering and Mathematics/Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática). Aquele pensamento de que homens são mais racionais, mulheres mais emotivas, que eles devem ser os provedores e elas responsáveis pelos cuidados do lar, é absolutamente ultrapassado e não condizente com o mundo que temos hoje. Não faz sentido explorarmos as fronteiras do universo e ter barreiras de acesso ou baixa participação de mulheres em carreiras técnicas da tecnologia.

Até porque incorporamos muito rápido os avanços tecnológicos. Podemos citar como exemplo as redes sociais, hoje dominadas até por crianças pequenas. Elas começaram a se popularizar em 2008, apesar de seus protótipos anteriores, e já fazem parte do nosso cotidiano seja para trabalho, consumo ou lazer.

A tecnologia está no dia a dia e todos se beneficiam dela. Porque ela não traz apenas conforto e qualidade de vida. É um propulsor da economia que está desenhando o nosso futuro.

E quando falamos em projetar o futuro, construí-lo... isso não pode ser feito sob o olhar de apenas uma parcela da população. Devemos ter mulheres em todo o processo.

Já que comecei falando da NASA no começo dessa newsletter, vale lembrar da Artemis, a missão que vai levar a primeira mulher à Lua até 2025. Mais do que o marco que isso representa, é uma inspiração para as futuras gerações. E o nome faz todo sentido, já que Ártemis foi a deusa grega da Lua, da natureza, da caça, dos partos, enfim uma mulher multifacetada, como toda mulher.

Que possamos cada vez mais nos jogar em nossos múltiplos interesses e transpor toda e qualquer fronteira.

E ainda falando sobre universo(s), fica aqui o convite para você conhecer a Free Free House no metaverso. Já estamos por lá e as portas estão abertas para todas!

Um beijo!


Em frente

Sabemos que...

Tempos de crise sobrecarregam as mulheres

Mulheres são as primeiras a serem demitidas em uma crise

A divisão do trabalho doméstico ainda é pra lá de desequilibrada

Tá, eu sei que ninguém aguenta mais ouvir a palavra pandemia, mas a revista científica The Lancet publicou recentemente um estudo que demonstra como as mulheres foram as mais afetadas pela crise sanitária em diversos campos, como trabalho não-remunerado, educação, emprego e violência.

Notar que em uma crise, qualquer crise, as mulheres são sempre as mais impactadas reforça a ideia de que ter um olhar de gênero como forma de combater o sexismo estrutural se faz necessário e urgente.

A conquista de direitos deveria ser algo linear, que segue em apenas uma direção. Não deveríamos correr risco de perdê-los após termos conquistado.

 

Mas não é assim.

Em tempos em que as pessoas ainda fazem uma leitura de que o feminismo quer colocar homens e mulheres em posições antagônicas, quando na verdade se busca a equidade para chegarmos à igualdade, parece que nada é garantido.

Direitos das mulheres são direitos humanos essenciais para se chegar à justiça social.

Mas os problemas que há muito já deveriam ter sido superados voltam para nos assombrar. Talvez você esteja acompanhando o podcast “A mulher da casa abandonada” que revela o quão recente é a prática de um dos crimes mais absurdos, o de submeter um outro ser humano em condições análogas à escravidão. E o pior, que é possível sair impune.

Mais preocupante são os dados do Observatório da Erradicação do Trabalho Escravo e do Tráfico de Pessoas, que apontam que mais de 58 mil pessoas foram resgatadas de trabalhos análogos à escravidão de 1995 a 2022.

A professora e historiadora Flávia Biroli fala da importância de “desnaturalizar” a desigualdade e violência, e de como isso gerou uma inacreditável reação na direção contrária. “A agenda da igualdade de gênero foi parte da construção e aprofundamento das democracias em diferentes níveis, na segunda metade do século XX. O sistema internacional de direitos humanos se ampliou e se modificou com as pressões dos movimentos de mulheres e feministas, de modo a dar visibilidade (desnaturalizar) e produzir compromissos para a superação da violência e da desigualdade de gênero. As reações, que se iniciaram nos anos 1990 e se tornariam mais coordenadas a partir da segunda década do século XXI, procuram retroceder as conquistas e, principalmente, colocar em xeque a legitimidade política conquistada para essas agendas e políticas de gênero. Trata-se, como definiu Juan Vaggione, de uma ‘politização reativa’. Ela vai no sentido da retradicionalização dos papéis, da renaturalização das desigualdades e da violência”.

Não podemos aceitar a perda de direitos e da liberdade.

Aceitar que as atividades de cuidado e domésticas sejam associadas apenas à mulher.

Reduzir nosso papel ao da maternidade, quando isso é uma escolha.

Que um feminicídio aconteça a cada 7 horas.

 

"Onde há justiça, há cura"

 

E daqui para frente, todas as questões precisam de um olhar de gênero, pois como disse Sima Bahous, diretora executiva da ONU Mulheres, “as crises interligadas que enfrentamos hoje continuam a agravar os impactos umas das outras como multiplicadores de ameaças. Mas as mulheres são as multiplicadoras de soluções”.

Os problemas existem, ou melhor, persistem, e não podemos abdicar da nossa participação e voz ativa em sua resolução, afinal, somos as mais interessadas.

Construir um mundo mais sustentável, mais justo e mais seguro para todas as próximas gerações é algo que precisamos fazer hoje.

E por isso é tão importante não abrir mão de nenhum direito ou da nossa liberdade.

 

"Por um futuro com igualdade"

 

Em frente e para melhor. Esse é o único caminho!