Ser mulher não é simples, mas somos potência. E como você sabe, nesse mês das mães resolvemos falar com todas as mulheres sobre maternidade.

Com quem decidiu ter filhos, quem decidiu não ter.

Quem é mãe solo.

Quem não conseguiu ter filhos.

Quem virou mãe e abriu mão do trabalho.

Quem trabalha e cuida dos filhos e da casa.

Quem não tem com quem contar.

Quem tem com quem contar.

Todas nós mulheres, em algum momento nos deparamos com dúvidas, medos e questões sobre maternidade. Mesmo quem decidiu não ter filho.

Todas nós renunciamos a algo. Renunciamos quando decidimos não ter. Renunciamos quando decidimos ter.

Toda decisão, toda escolha, também é uma renúncia.

 

Crédito: Unsplash/Jon Tyson

Mas como fazer essa renúncia ser mais saudável? Será que isso é possível?

Antes, precisamos falar de algo que de certa forma complica a nossa relação com a maternidade, mas é fundamental para todas nós mulheres: a liberdade.

O que é ser livre?

Para o psiquiatra Augusto Cury “ser livre é não ser escravo das culpas do passado nem das preocupações do amanhã. Ser livre é ter tempo para as coisas que se ama. É abraçar, se entregar, sonhar, recomeçar tudo de novo. É desenvolver a arte de pensar e proteger a emoção. Mas, acima de tudo, ser livre é ter um caso de amor com a própria existência e desvendar seus mistérios”.

Uma boa explicação, que associa a liberdade à felicidade. Embora a definição de felicidade é algo que muda bastante ao longo da vida. Nós mudamos, evoluímos, crescemos e nossas aspirações também.

Falar da importância da liberdade como o caminho para ser feliz e construir a realidade que desejamos é algo que está profundamente ligado ao trabalho do Free Free. Inclusive nossa fundadora, Yasmine McDougall Sterea, escreveu um livro sobre isso, o “Eu Decido Ser Eu” que aborda tudo, dos primeiros passos à mudança de pensamento, da criação de novos hábitos à iniciar o caminho rumo à independência financeira, enfim, tudo que você precisa saber para se tornar uma mulher livre.

Não podemos dizer que essa emancipação é fácil em um mundo ainda tão injusto com as mulheres.

E às vezes a vida nos coloca em situações complicadas, seja por causa de relacionamentos abusivos ou tóxicos, pela falta de estrutura ou recursos para tornar nossos sonhos realidade. São inúmeros cenários possíveis e desfavoráveis que nos fazem pensar que ser livre, decidir o que queremos das nossas vidas, é desejado, mas parece longe e inatingível.

Para não alongar muito nesse assunto, que não é objetivo aqui hoje, vamos apenas lembrá-la que existe sim saída para qualquer problema que você esteja passando. Você merece e pode ser livre e feliz!

E vem cá, deixa eu te contar uma coisa, muito disso depende de você.

Cada escolha uma renúncia

Já nos deparamos muito com a frase aí de cima e para nós, mulheres livres, selvagens, lobas, é difícil considerar abrir mão de algo. Queremos conquistar mais e mais! Não renunciar.

Mas o exercício que devemos fazer sempre é o de que tanto as nossas escolhas como as nossas renúncias sejam feitas de forma consciente. Não sentir que estamos “perdendo” algo ao tomar uma decisão. Na verdade, precisamos enxergar que a cada coisa que não poderemos ter ou fazer em determinado momento, vai nos dar outras tantas possibilidades de vivenciar experiências novas.

Como já disse Walter Franco:

 

Mas agora entramos no assunto do dia: é possível ser mãe sem renunciar? Dificilmente…

Muitas mulheres têm o privilégio e a estrutura de poder determinar certinho o momento em que vão ser mães.

Para outras a maternidade chega chegando e só resta se adaptar a essa nova realidade.

Muitas mulheres ainda se sentem na obrigação de serem mães, senão, o que será que vão pensar?

Por favor, vamos nos libertar dessas opiniões. A única renúncia que não podemos deixar acontecer é a renúncia de nós mesmas. É perigoso quando isso acontece… nos perdemos de quem somos e muitas vezes nos vemos em ciladas de relações abusivas.

Maternidade real

É “lindo” ver mães influenciadoras no Instagram, com seus bebês perfeitos, vivendo a maternidade perfeita. Parece até fácil. Um mar de rosas com cheiro de talco.

Mas falar que após o parto o simples ato de ir ao banheiro pode ser uma experiência assustadora dificilmente irá aparecer no seu feed. E o glamour das olheiras, a irritabilidade da falta de sono, os mamilos doloridos e inflamados, a fralda suja que vaza e escorre m***** pra todo lado? Isso não dá engajamento não é mesmo?

Têm sim mães compartilhando suas experiências de uma maternidade real, mas precisamos falar das renúncias da maternidade.

Uma coisa que todos sabemos, mas quase queremos negar é o fato do tempo ser finito.

Tentamos vencê-lo todos os dias.

Pegamos nossos caderninhos, nossos marca-textos, planejamos fazer um determinado número de tarefas e mesmo assim, não são incomuns os dias em que não é possível cumprir a agenda. Às vezes acontece um imprevisto. Ou procrastinamos (que vamos combinar é bem gostoso dar uma enrolada de vez em quando). Mas acaba que ao final do dia não fazemos tudo aquilo que gostaríamos.

Crédito: Dribbble/Miguel E.

Ficamos frustradas porque somos regidas pelo mito da mulher perfeita, com ascendente em multitasking.

Por muito tempo fomos cobradas e nos cobramos dar conta de tudo, do trabalho, da casa e ainda fazer tudo com um sorriso no rosto e as unhas em dia. Felizmente a cada dia esse padrão irreal se torna mais obsoleto.

Mas quando os filhos chegam, ahhhh, não se trata mais de fazer o planejado. É sobreviver ao dia da forma mais funcional possível, garantido que as necessidades básicas do seu corpo e do serzinho que você cria sejam supridas.

Não à toa uma pesquisa realizada pela Catho aponta que 30% das mães deixa o mercado de trabalho para cuidar dos filhos, enquanto os pais que fazem isso são 7%.

Injusto sim, mas a maternidade impõe prioridades. Sem uma rede de apoio e um mercado de trabalho que entenda a importância do papel dos pais e mães (ou menos machista mesmo), muitas mulheres acabam abrindo mão de suas carreiras.

Não é errado querer ser só mãe. Ser dona de casa e cuidar dos filhos. Mas melhor seria se isso fosse uma decisão consciente e não falta de opção ou oportunidades.

E não é só o nosso tempo que passará a ser menos nosso e mais dos nossos filhos. Dinheiro nem se fale. Aquilo que antes gastávamos com nós mesmas, que guardávamos para uma viagem, que colocávamos no cofrinho dos sonhos, vai ficar mais escasso. Mas mães, leoas que são, mesmo quando o dinheiro não era suficiente para todas essas coisas antes da maternidade, dão um jeito de fazer render e oferecer o que elas podem dar de melhor aos seus filhos. Não sei por que damos  ouvido aos gurus do mercado, quando na verdade deveríamos ouvir as mães que fazem uma verdadeira magia para dar conta de cuidar de suas famílias.

Nossos corpos também não serão mais os mesmos. E isso não é ruim. A influenciadora Sarah Nicole Landry, dona do perfil @thebirdspapaya produz um conteúdo muito bom sobre a jornada de aceitação do seu corpo que gerou quatro vidas.

 

 

 

Escolher

Mas afinal, o que a maternidade nos diz sobre escolhas e renúncias?

Para começar, ser mãe deve ser uma escolha sim. Não é uma obrigação e ninguém vai ser mais ou menos realizada ao optar por esse caminho. E para quem escolhê-lo, o preço que se paga é mais do que compensado.

O tempo apertado, o corpo cansado, o trabalho que cobra, tudo isso desaparece ao vermos nossos filhos felizes.

E não digo que ser mãe é renunciar à nossa própria felicidade em prol de outra pessoa, mas é ser feliz também pela existência desse alguém. O mais puro tipo de amor, difícil de explicar, mas inegável quando sentimos.

E além de mães, também somos filhas. Mesmo que nem toda relação mãe e filha seja perfeita, somos uma vida gerada por outra e fazer parte desse ciclo deve ser valorizado.

Não renuncie aos seus sonhos. Adie-os se for o caso.

Não renuncie à sua felicidade. Compartilhe-a.

Mas renuncie, sem medo, de todas as regras que tentaram te impor quando você virou mãe. Apenas viva a maternidade.

Para saber mais:

Ser mãe pode ser um fardo e as mulheres estão falando sobre isso (Estadão)

A cada escolha, uma renúncia (IBCP Psicanálise)

20 coisas que não te contam sobre gravidez, parto e maternidade (em inglês)(The Chriselle Factor)

Mulheres no mercado de trabalho: panorama da década (Catho)

Para ler:

Eu Decido Ser Eu: Um guia para você se libertar do mito da mulher perfeita, se reinventar e atingir a sua liberdade física, emocional e financeira – Yasmine McDougall Sterea (DVS Editora)