Vivemos tempos pra lá de complexos: pessoas falam absurdos e acham que tá tudo bem, afinal isso seria “sua liberdade de expressão”. Vivemos uma polarização onde muitos só querem diminuir quem pensa diferente ao invés de dialogar para encontrar soluções. Uma época em que alguns afirmam existir direitos demais…
Nós, ao abraçarmos a missão da liberdade das mulheres, sempre tivemos um olhar sobre a importância da diversidade, da inclusão, do respeito às diferentes realidades e de acolher todas que precisam de apoio, independente de qual for o motivo que as impede de serem completamente livres.
Porque nós somos diferentes.Temos origens diversas, passamos por experiências variadas e tudo isso influencia qual será a nossa visão de mundo.
Somos únicas, complexas, verdadeiros universos particulares, mas tem algo que é fato: somos mais da metade da população do país. Representamos 51,8% das pessoas que vivem na mesma nação, que serão atingidas pelas mesmas políticas, que viverão sob o mesmo Índice de Desenvolvimento Humano.
Sendo metade da população, parece óbvio que nossa opinião deveria ter um grande peso na tomada de decisões, mas infelizmente nossa jornada no caminho da representatividade é bem recente.
No próximo dia 24 de fevereiro comemoramos os 90 anos do voto feminino no Brasil, instituído em 1932. Embora o primeiro passo concreto tenha sido dado em 1930, o direito das mulheres votarem só foi assegurado em 1932 com a criação do Código Eleitoral. Ainda existiam limitações, como o voto ser possível para mulheres casadas e com autorização do marido, solteiras com renda própria ou viúvas, além de ser facultativo. Essas restrições deixaram de existir com a Constituinte de 1934, que permitiu a participação de mulheres tanto na votação quanto nas candidaturas.
Foi também antes de 1932 que tivemos a professora Celina Guimarães como a primeira eleitora não só do país, mas de toda a América Latina. Ela requereu sua inclusão como eleitora no município de Mossoró (RN) em 1927.
O direito das mulheres votarem foi estabelecido no Brasil antes de países como Portugal, (1933), Índia (1935), França (1944), Japão (1945), Grécia (1952) e Suíça (1971). E em alguns deles o voto ainda era condicionado a grupos específicos de mulheres, como as que tinham ensino superior ou determinada renda.
Foi uma longa caminhada entre ter o voto feminino assegurado na Constituição até conseguir ganhar espaço no cenário político. Por aqui, foram 78 anos até termos uma presidente mulher. Nos Estados Unidos somente nas últimas eleições tivemos uma mulher eleita como vice.
Temos hoje apenas 15% de mulheres no Congresso, fazendo com que o Brasil ocupe a 142° colocação do ranking de participação de mulheres na política.